De acordo com o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), apesar do tempo médio de concessão dos benefícios do INSS ter diminuído, a fila nacional cresceu 6% de janeiro a março.
Segundo Adriane Bramante, presidente do IBDP, a fila do INSS vem de muito tempo, e foi agravada com a reforma da previdência, em 2019. “Depois que a reforma saiu, precisou de uns cinco ou seis meses para que o sistema fosse adaptado às mudanças, e isso comprometeu também o estoque e a análise dos processos, porque ficou muito tempo parado”, conta.
Com 496.208 solicitantes no aguardo, o Nordeste é a região com a maior fila de espera dos benefícios. A Bahia corresponde a 22% do total de toda a região.
Outros desafios são o déficit de servidores e o atraso tecnológico de muitas agências. Bramante diz que, com muitos servidores se aposentando e a falta de reposição de profissionais, o problema crônico da falta de funcionários foi reforçado. De acordo com ela, o INSS realizou concurso no último ano, mas apenas mil pessoas foram admitidas em todo o país.
“A gente tem também muitas falhas no sistema. Às vezes o sistema está fora do ar e isso atrasa perícias que estão agendadas, análises de processo, [existem] agências ainda com internet discada, que não têm tecnologia suficiente para analisar e para atender a tantas demandas”.
Procurado pela reportagem, o INSS afirmou em nota que, junto ao Ministério da Previdência Social, vem aplicando esforços para garantir a nomeação dos aprovados no último concurso como maneira de otimizar a força de trabalho. De acordo com o órgão, não há previsão de novos concursos.
A longa espera sem garantia do benefício ou possibilidade de trabalhar causa desespero em quem aguarda. A agricultora Dalila afirmou que até tenta trabalhar em dias que a situação financeira “aperta”, mas após um dia fazendo a coleta do licuri, coquinho de polpa amarela comum em regiões secas e áridas, as consequências podem chegar a três dias de cama.