A informação foi confirmada pela Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, onde a atriz estava sendo tratada. “Nicette morreu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da covid-19. O hospital se solidariza com a família neste momento”, diz a nota da instituição.
De acordo com boletim divulgado mais cedo, o quadro clínico da atriz havia piorado e era considerado muito grave. Ela estava na UTI.
Início de carreira
Nicette Bruno nasceu em 7 de janeiro de 1933 em Niterói, no Rio de Janeiro. Começou a carreira artística ainda criança anos na Rádio Guanabara no programa infantil de Alberto Manes. Ainda na infância começou a estudar piano.
“Estudei até o segundo clássico, e não cheguei a me formar. A única formação que eu tenho é a de piano, no Conservatório Nacional, além de sempre me dedicar ao estudo do teatro. Na rádio, comecei, aos 4 anos, as minhas primeiras demonstrações, declamando, cantando”, disse ela para o site Memória Globo.
A vocação revelada desde cedo acabou influenciando a mãe, Eleonor Bruno, que era médica e a acompanhava em seus trabalhos. Eleonor acabou trocando a profissão para ser atriz como a filha.
Aos 14 anos, Nicette já trabalhava profissionalmente com teatro como contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais.
O amor pelo palco também a levou a conhecer Paulo Goulart, com quem foi casada por mais de 60 anos e teve três filhos. Paulo morreu em 2014, aos 81 anos, vítima de câncer renal.
1. abr.1954 – Quase dois meses depois de se casarem, Paulo Goulart e Nicette Bruno contracenam na peça “Ingenuidade”. Os dois se casaram dia 26 de fevereiro de 1954 – Acervo UH/Folhapress
Paulo Goulart e Nicette Bruno contracenam na peça “Ingenuidade”, dois meses depois de se casarem, em 1954
Imagem: Acervo UH/Folhapress
Pioneira na TV
A estreia na televisão foi no ano de inauguração da TV Tupi, em 1950. Além de participações em recitais e teleteatros no canal, Nicette atuou na primeira versão do “Sítio do Picapau Amarelo”, exibida entre 1952 e 1962.
A primeira novela foi em “Os Fantoches” (1967), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Na TV Tupi participou de títulos como “Meu Pé de Laranja Lima” (1970) e “Éramos Seis”(1977). Também atuou na última novela da Tupi, “Como Salvar Meu Casamento” (1979), encerrada antes de ser concluída.
“Foi triste. Durante um ano, sofremos muito, mas mantivemos o entusiasmo. Isso faz parte do artista brasileiro: ele não sucumbe, não entrega os pontos facilmente”, disse ela.
Carreira na Globo
Nicette estreou na Globo em 1980 no seriado “Obrigado, Doutor”, em que contracenava com Francisco Cuoco.
Entre as principais novelas que fez na emissora estão “Sétimo Sentido” (1982) e “Selva de Pedra” (1986), de Janete Clair, “Louco Amor” (1983), de Gilberto Braga, Clair; “Bebê a Bordo” (1988) e “Perigosas Peruas” (1992), de Carlos Lombardi; “Rainha da Sucata” (1990), de Silvio de Abreu e o remake de “Mulheres de Areia” (1993), de Ivani Ribeiro.
As últimas novelas de destaque foram em “I Love Paraisópolis” (2015), Alcides Nogueira Mário Teixeira, “Pega Pega” (2017), de Claudia Souto, e “Órfãos da Terra” (2019), de Duca Rachid e Thelma Guedes, sendo esta última a vencedora do Emmy Internacional neste ano.
Eterna Dona Benta
Além da primeira versão do “Sítio do Picapau Amarelo”, Nicette interpretou entre 2001 e 2004 a personagem Dona Benta na segunda adaptação da história de Monteiro Lobato feita pela TV Globo.
“O diretor Roberto Talma queria que a Dona Benta tivesse uma identificação com a criança de hoje, mas preservando a essência da personagem. Achei muito interessante a ideia de ela se comunicar com o Pedrinho via internet, ao mesmo tempo dizendo ao neto: ‘Olha, tem tempo que você não me escreve uma carta ou um bilhete. Não devemos nos comunicar só por meio do computador. A emoção da escrita é muito grande, e eu quero sentir essa sensação’. Até hoje me chamam de Dona Benta”, afirmou a atriz para o site Memória Globo.