Vitória da Conquista experimentou um primeiro turno de campanha eleitoral polarizado entre os dois candidatos que iniciaram nesta segunda-feira (3) a marcha do segundo turno: Herzem Gusmão (PMDB) e Zé Raimundo (PT). O conteúdo bélico das propagandas, influenciado pelo debate nacional sobre corrupção, marcou as discussões e ganhou terreno também nas redes sociais, com trocas de acusações de parte a parte do facecook ao whatsapp, novas arenas políticas nas quais o voto também é disputado palmo a palmo. Realçada no debate da TV Sudoeste, a questão da corrupção ganhou expressão e confrontou dois campos opostos da política nacional. Ambos os candidatos se esforçaram para demonstrar qual tinha mais vínculo com a Operação Lava Jato.
Em entrevista na tarde desta segunda-feira (3) ao programa Blitz Conquista No Ar, apresentado pelo jornalista Frarlei Nacimento e levado ao ar diariamente pela Rádio Brasil FM, o candidato Zé Raimundo foi provocado a tratar da natureza belicosa do primeiro turno da campanha em Vitória da Conquista. Sem titubear, acusou o adversário de haver iniciado o bombardeio, afirmando que pretendia debater os destinos de Vitória da Conquista mas que, tendo sido atingido pessoalmente, viu-se obrigado a fazer das mesmas armas para defender-se. “Da minha vontade, quem me conhece sabe, sou uma pessoa extremamente mediadora, como educador, em minha pessoal, dentro de meu próprio partido eu procuro sempre conciliar. Acho que a vida é muito mais complexa do que um período eleitoral”, afirmou.
Indagado pelo jornalista sobre a ampla diferença de votos entre ele e Herzem Gusmão – e se isso não sinalizaria um recado para o Partido dos Trabalhadores – Zé Raimundo buscou demonstrar que o seu partido foi “massacrado” nacionalmente pela mídia, sofrendo uma campanha por meio da qual se tentava atribuir ao PT todos os desmandos do Brasil. “Mas o que nós defendemos é que em Vitória da Conquista temos uma caminhada de honestidade, de transparência, não há nesses vinte anos uma denúncia contra uma agulha, contra um dedal, uma folha de papel. Nós temos o governo ético do prefeito Guilherme Menezes, na minha gestão, dos nossos vice-prefeitos, é uma administração séria, agora infelizmente essa onda brasileira acabou atingindo o nosso partido”.
Abaixo, a íntegra da entrevista concedida pelo candidato Zé Raimundo.
FRARLEI NASCIMENTO: Qual a disposição do candidato para enfrentar porque houve uma diferença muito grande de votos entre a sua candidatura e a de Herzem Gusmão. Foram mais de 28 mil votos. Isso não é um recado para o PT, não, candidato?
ZÉ RAIMUNDO: Nacionalmente, houve um massacre contra nosso partido. Sempre dissemos que todas aquelas pessoas que estiveram envolvidas em escândalos, que elas respondam pelos seus atos e que sejam punidas. Os exageros que nós vimos é que elegeram nosso partido como principal responsável por esse desmando, que infelizmente ocupa o Rio e vem ocupando o Brasil. Mas o que nós defendemos é que em Vitória da Conquista temos uma caminhada de honestidade, de transparência, não há nesses vinte anos uma denúncia contra uma agulha, contra um dedal, uma folha de papel. Nós temos o governo ético do prefeito Guilherme Menezes, na minha gestão, dos nossos vice-prefeitos, é uma administração séria, agora infelizmente essa onda brasileira acabou atingindo o nosso partido.
FRARLEI: Candidato, eu estive analisando os números para vereadores, há cinquenta dias o analista Jânio Freitas dizia que a Câmara teria uma grande mudança, seriam 10 novos vereadores. Ele acertou 100%. Errou por um. Qual a avaliação que o candidato faz em relação ao resultado da Câmara, já que o PT perdeu uma vaga por cinco votos.
ZÉ RAIMUNDO: Frarlei, em primeiro lugar é respeitar o eleitor, que é soberano e de forma soberana escolhe aquele candidato que ele acha que melhor o representa. Se Deus me permitir que no segundo turno sejamos vencedores, com Sidélia, vou tratar a Câmara de Vereadores com autonomia, com independência, o papel da Câmara é representar seus eleitores, é uma instância de poder soberana e vamos tratar com o maior respeito. A Câmara tem o espaço próprio dela, de reivindicar, de criar um tema de debate. Veja agora o debate sobre segurança pública, sobre abastecimento hídrico, a Câmara se debruçou. Em relação à infraestrutura, a Câmara teve o papel de apoiar, debater. É claro que o voto mais difícil é o do vereador, às vezes por dez votos o resultado muda. A mesma coisa é com a Assembleia Legislativa. Há sempre um percentual de renovação, sobretudo nos momentos de mudança, como ocorreram agora no Brasil. No geral, é respeitar a Câmara, um poder soberano. E se o povo de Conquista me confiar esta mandato, vamos estar aí dialogando, respeitando a Câmara de Vereadores e todas as lideranças, já que muitos não foram eleitos e terão papel importante em sua comunidade. Ou seja, há muitos vereadores sem mandato.
FRARLEI: Candidato, para encerrar, eu gostaria de fazer um pedido em nome de todos os nossos ouvintes: a gente gostaria de deixar de ver ataque nos programas eleitorais. eu considerei o primeiro turno de baixíssimo nível, fora do que a gente costuma ver em Vitória da Conquista.
ZÉ RAIMUNDO: Nós começamos nosso programa apresentando nossa caminhada histórica em Vitória da Conquista, transformamos em cidade na melhor do Norte-Nordeste em saneamento, em saúde, em educação, em infraestrutura, cidade que as pessoas reconhecem que é capital regional, e apresentamos nossas propostas à cidade, questão da mobilidade urbana, dos jovens, zona rural, água, aeroporto, mas infelizmente no calor da disputa – provavelmente o candidato do PMDB dirá sua versão – me senti atacado pessoalmente e tive que me defender com as mesmas armas; em alguns momentos, houve uma tensão, e isso faz parte da política. Da minha vontade, quem me conhece sabe, sou uma pessoa extremamente mediadora, como educador, em minha pessoal, dentro de meu próprio partido eu procuro sempre conciliar. Acho que a vida é muito mais complexa do que um período eleitoral. A cidade vai continuar a mesma, com seus habitantes, com suas lideranças. A eleição é um momento que a gente tem que aproveitar para melhorar o nível de conhecimento. Eu costumo dizer que o debate político não pode ser o cemitério da verdade. A política deve ser o momento em que a gente esclareça os grandes e radicais problemas da sociedade. A verdade não pode sair doente, enfraquecida, esquartejada em um debate político. Isto infelizmente acontece em alguns momentos, como aconteceu na Grécia, por isso a desconfiança em relação à Democracia, mas veio o segundo turno, estou muito alegre e satisfeito, agradeço a Vitória da Conquista. Vamos aumentar nossa capacidade de mobilização e de esclarecimento sobre nossas propostas. Muita gente indecisa, que votou nulo e branco, muita abstenção, espero que o eleitorado compareça em massa.
Fonte: Blog do Fábio Sena
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