A partir de um estudo de caso, pesquisadores identificaram a possibilidade de, em alguns casos, crianças com microcefalia filhas de mulheres grávidas que foram expostas e pegaram o vírus da zika retomarem um desenvolvimento neurológico normal.
O grupo de cientistas responsável pela pesquisa é formado por integrantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Eles constataram dois casos de crianças com microcefalia que recuperaram seu desenvolvimento. O resultado do estudo foi publicado na revista especializada “Nature Medicine” nesta semana.
De acordo com reportagem do G1, os pesquisadores acompanharam 244 mulheres grávidas, independente da etapa da gestação, a partir do momento em que apresentaram sintomas parecidos com os da zika, a exemplo como febre e erupções na pele, nos laboratórios da Fiocruz no Rio de Janeiro, entre 2015 e 2016. O período analisado foi da época em que a zika foi uma epidemia na cidade.
Com a confirmação da presença do vírus da zika em 216 mulheres, os cientistas passaram a acompanhar o desenvolvimento neurológico dos bebês. O monitoramento se deu através de diferentes técnicas, como as da chamada “Escala Bayley”, que acompanha comportamentos cognitivos, linguísticos, motores, social-emocional e adaptativo de cada criança. Elas foram estudadas enquanto tinham de 7 a 32 meses de idade.
Do total de mães acompanhadas, oito tiveram bebês com microcefalia (3,7% do total estudado). A matéria do G1 ainda aponta que desses casos, dois foram revertidos.
Um dos bebês desenvolveu a circunferência normal da cabeça conforme crescia, e o outro voltou a formar essa circunferência após uma cirurgia no crânio. Em ambos os casos, o desenvolvimento neurológico das crianças foi normalizado – e confirmado aos dois anos de idade.