O juiz Sergio Moro rejeitou o pedido da defesa do ex-presidente Lula, que queria a suspensão da perícia dos sistemas de pagamentos de propina da Odebrecht.
Moro explicou que o pedido de perícia foi feito pelos próprios advogados do petista para analisar a autenticidade dos documentos extraídos do sistema e utilizados pelo Ministério Público Federal (MPF) na acusação contra o ex-presidente. A defesa de Lula alega que há suspeita de fraude ou manipulação do sistema.
De acordo com o juiz, no entanto, essa seria mais uma razão para o prosseguimento da análise sobre o programa pela Polícia Federal.
“Então a pretensão da Defesa de suspensão da perícia por suspeita de fraude não faz o menor sentido”, escreveu Moro.
Os advogados de Lula pediram também que seja dado à defesa o mesmo tempo de análise que a Polícia Federal teve até agora para realizar a perícia, que já chega a 100 dias.
“Diante dessa situação, é evidente que o prazo de 10 dias anteriormente concedido para que os dois assistentes técnicos indicados pela defesa possam analisar o material periciado e apresentar parecer técnico são insuficientes para essa finalidade”, afirmam os advogados no pedido apresentado a Moro.
O juiz, contudo, afirmou que irá esperar o laudo para decidir sobre o prazo dado à defesa.
“Quanto ao prazo para os pareceres dos assistentes técnicos, avaliarei o pedido de extensão após a apresentação do laudo”, escreveu Moro.
Nesse processo, Lula se defende pelo recebimento de propina, por parte da Odebrecht, que teriam sido ocultados na aquisição, por R$ 12 milhões de um prédio que seria destinado ao Instituto Lula, que não se concretizou, e por R$ 500 mil de uma cobertura vizinha à do ex-presidente, em nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai. O imóvel é alugado pela família do petista.
A defesa de Lula afirma que pagou os aluguéis, alegação contestada por Glaucos, que diz não ter recebido qualquer valor, embora tenha assinado recibos. A defesa quer provar que Lula não consta como beneficiário de pagamentos ilícitos nos dois sistemas da Odebrecht, o MyWebDay, que alimentava e controlava os dados financeiros da contabilidade paralela, ou o Drousys, utilizado para a comunicação entre os envolvidos nas transações.
Fonte: O Globo