Muito me preocupa quando vejo veículos de comunicação trazer suicídios em forma de notícias. Claro que todos querem e precisam de visibilidade. Mas em relação a noticiar suicídios, temos um caso à parte.
Existe um certo tipo de convenção profissional que ninguém da imprensa fala de forma aberta sobre suicídios, mesmo que todos saibam que exista. Ou seja, suicídios não devem ser noticiados de qualquer maneira.
O suicídio é posto à margem da ação jornalística por se tratar de um ato extremamente íntimo e individual. Se os suicídios começassem a ser notícia, a imprensa teria que começar a investigar a vida do falecido e expor sua vida íntima. Algo como “Ele se matou porque foi traído pela esposa”, ou “Ela tirou a própria vida por estar muito endividada”, coisa que não seria nada legal para a imagem do falecido e da família.
Mas um outro motivo, este o principal, é que a publicação massiva de notícias de suicídio impulsiona aqueles que já possuem predisposição. Quando alguém está deprimido e começa a ver outros casos de suicídio, o mesmo passa a criar mais coragem de realizar o triste ato de dar fim à própria existência. Isso não é opinião minha, mas sim fatos comprovados cientificamente e que aprendemos durante nossa formação acadêmica.
Digo isso porque tenho ficado estarrecido nos últimos meses ao acompanhar na imprensa local alguns casos de suicídios serem noticiados de forma direta, sem preocupação alguma por parte de quem produziu o conteúdo noticioso.
Ao noticiar tais fatos, a palavra “suicídio” e a expressão “se matou” devem ser evitadas ao máximo. Falar diretamente fere o código de ética do jornalismo. Mas o ideal mesmo é não publicar!
Texto de Diego Bastianello Feitosa, Jornalista
Fonte: Blog do Caique Santos