A decisão brasileira foi tomada para evitar maiores tensões com o regime venezuelano.
Nesta sexta-feira (2), a diplomacia brasileira retirou a bandeira da Argentina que estava hasteada na embaixada argentina em Caracas, atendendo a um pedido do regime de Nicolás Maduro. A representação diplomática argentina, assim como a peruana, está sob os cuidados do Brasil após a expulsão dos diplomatas desses países da Venezuela.
A decisão brasileira foi tomada para evitar maiores tensões com o regime venezuelano. Interlocutores próximos ao governo brasileiro indicam que a estratégia é não “esticar demais a corda”. O Brasil, ao assumir a responsabilidade pelas embaixadas argentina e peruana, continua a manter um diálogo com a ditadura de Maduro, posicionando-se como um dos principais mediadores nas negociações políticas na região.
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A situação na embaixada argentina é particularmente delicada, pois abriga seis asilados políticos sob a proteção do governo de Javier Milei. Esses indivíduos são figuras proeminentes da campanha opositora na Venezuela e, por enquanto, continuarão sob a proteção dentro do prédio da embaixada.
Brasil, México e Colômbia formam o trio mais importante nas negociações com a Venezuela. Esses países estão considerando o envio de seus chanceleres a Caracas para conversas diretas com o regime de Maduro e com Edmundo González, o candidato opositor que atualmente se declara “resguardado”. Caso a visita presencial não seja viável, uma videochamada entre os chanceleres com Caracas é uma alternativa, assim como uma possível conferência virtual envolvendo os presidentes Lula (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) com Maduro ou outra figura de alto escalão do regime venezuelano. No entanto, nenhuma dessas opções foi ainda oficialmente definida.
O Brasil mantém uma posição firme em relação à necessidade de transparência no processo eleitoral venezuelano. Brasília insiste para que Caracas divulgue as atas eleitorais, que são os comprovantes da quantidade e das opções de votos nas urnas eletrônicas, um procedimento padrão no sistema eleitoral venezuelano que não foi seguido nesta eleição presidencial.
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Na última sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgou novas informações, aumentando a porcentagem de contagem de votos para 97% e reafirmando a eleição de Maduro. Para o Brasil, essa atualização não altera sua posição inicial de exigir a divulgação completa das atas eleitorais para garantir a transparência e legitimidade do processo.
*Com informações da FolhaPress