Na região central de Vitória da Conquista, centenas de pessoas circulam diariamente pela área que abrange, de um lado, a praça da Bandeira, onde funcionam o Teatro Carlos Jehovah, o Mercado de Artesanato, pontos de táxi e um vasto e diversificado cinturão comercial cercado pelas ruas do Triunfo e Humberto Flores, além da travessa Santa Rita; e, de outro, a praça 9 de Novembro, cujos vendedores de acarajé e de artesanato dividem o espaço com lojas de confecções e calçados, armarinhos, sorveterias e o obelisco, inaugurado em 1940 como homenagem aos invasores que, no Século 18, sob as ordens da Coroa Portuguesa, dizimaram os povos indígenas das etnias Imboré, Pataxó e Mongoió, que habitavam a Serra do Periperi, para em seguida fundar o Arraial da Vitória – embrião do município que, agora, completa 183 anos de emancipação política.
Esse espaço urbano, envolvendo duas praças interligadas pela alameda Ramiro Santos, faz parte daquilo que o escritor e memorialista conquistense Durval Menezes chama de “célula do surgimento e do desenvolvimento de Vitória da Conquista”.
Localizadas ao lado da antiga Rua Grande (que abrangia as atuais praças Tancredo Neves e Barão do Rio Branco, além das ruas Zeferino Correia e Maximiliano Fernandes), as duas praças sempre foram caracterizadas por uma intensa atividade comercial.
Tradicionalmente, na praça da Bandeira havia feira livre, comércio informal e o mercado popular – atividades que durante anos foram dividias com a avenida Lauro de Freitas, e que predominam na praça da Bandeira até os dias de hoje. Enquanto isso, a 9 de Novembro já era caracterizada por um ambiente mais sofisticado, com lojas de joias e louças, padarias, farmácias, bazares e confeitarias – tudo isso ao redor de uma espécie de largo em formato triangular, pontuado por bancos, árvores e postes de iluminação.
Na 9 de Novembro, destacava-se o Bar Gato Preto (depois, Confeitaria Aracy). Ao fundo, no alto, a Catedral de Nossa Senhora das Vitórias
A 9 de Novembro substituiu um antigo logradouro denominado como Praça da Piedade – segundo Durval Menezes, uma tentativa deliberada das autoridades da época de “copiar” o nome da praça homônima que já existia em Salvador desde o Século 18.
A Praça da Piedade conquistense foi reformada em fins da década de 1930. A partir de 1940, ano em que Vitória da Conquista completou seu primeiro centenário, o logradouro teve o nome modificado, passando a ser conhecido oficialmente pela data de aniversário de Vitória da Conquista.
“A 9 de Novembro era um centro cultural e comercial de encontros. Quase todas as lojas, no passado, eram ali”, recorda Durval. Entre os antigos estabelecimentos que funcionaram na 9 de Novembro, nas décadas de 1940 e 1950, houve o Salão Azul, a Padaria Bahiana, as farmácias Neves e Lia, o Leão das Louças e o Bar Gato Preto – o qual, em meados da década de 1950, mudou de dono, passou por reformas e foi reinaugurado como Confeitaria Aracy, tornando-se ponto de encontro da elite local.
Ambos os logradouros passaram por várias mudanças arquitetônicas ao longo da história do município. Permanecem, no entanto, como ponto de passagem praticamente obrigatório para qualquer pessoa – de Vitória da Conquista ou de outros municípios – que precise fazer compras na região central da cidade.
Fonte das fotografias históricas: fotosdevitoriadaconquista.wordpress.com