Durante cerca de duas semanas em que estiveram no abrigo temporário montado na Escola Municipal Paulo Setúbal, distrito de Inhobim, Reinalva Pereira Rocha e Clarice dos Santos cultivaram o mesmo sonho: retornar para casa, na comunidade do Barreiro. Elas são parte do grupo de 59 moradores do povoado que, no dia 29 de dezembro, fez exatamente um mês neste sábado, foram resgatados por um helicóptero do Exército, quando a cheia do Rio Pardo, em decorrência das fortes chuvas, ameaçava a segurança dos imóveis e das famílias.
Há 20 dias, o sonho das duas amigas começou a se tornar realidade. Aos poucos, as famílias do Barreiro foram retornando para o lar e retomando a vida. “Quando eu voltei pra minha casa, me senti aliviada”, contou Reinalva.
Reinalva comemora a volta ao lar: “A casinha da gente é o melhor lugar da gente tá.”
Antes de sair, ela deixou os móveis na igreja do local e, aos poucos, foi trazendo de volta cada coisa para o seu lugar. O sofá foi o único item perdido, pois não houve tempo de transportá-lo antes da água chegar.
Mesmo lembrando com carinho do tempo em que foi acolhida no abrigo, onde “não tava faltando nada”, a felicidade do regresso foi muito grande. Reinalva retomou a ocupação de diarista e, ao lado do marido e da filha, tenta retomar a rotina.
Para ela, não existe lugar melhor no mundo do que o seu lar. “A casa da gente é o maior presente que Deus dá a gente. A casinha da gente pode ser caindo aos pedacinhos, mas é o lugar da casinha da gente. Lá [no abrigo], pra nós, era tudo muito bom, mas o lugar mesmo é a casinha da gente”, disse.
Clarice continua recebendo assistência da Prefeitura
Clarice também havia deixado a moradia às pressas, junto com o marido e dois filhos. A água não chegou a atingir o imóvel, mas devido à dificuldade de acesso de alimentos e outros itens de necessidades básicas, por causa da cheia do rio e das péssimas condições das estradas, a família resolveu ficar em segurança no abrigo.
Ela também compartilha o sentimento de Reinalva: a alegria da volta ao lar. “Ah, foi muito bom. Foi uma coisa, assim, inexplicável. Foi muito bom a gente voltar pra casa. Minha casa tá precisando de reparo também, mas, graças a Deus, a gente voltou e tá tentando recomeçar aos poucos”, disse Clarice.