Durante décadas, o almoço de Semana Santa foi um dos momentos mais esperados pelas famílias brasileiras. Mesa farta, receitas passadas de geração em geração e, acima de tudo, a reunião dos parentes em torno da fé, do silêncio e da partilha. No entanto, essa tradição tem perdido força nos últimos anos.
Com a rotina acelerada, a distância física entre familiares e o avanço das novas formas de viver a religiosidade, muitos lares já não mantêm o mesmo costume. Para algumas famílias, a sexta-feira santa é apenas mais um feriado prolongado.
“A gente sempre fazia bacalhoada, arroz de coco e até caruru. Hoje, cada um tá em um canto, e às vezes a gente só se encontra por videochamada”, lamenta Dona Terezinha, 74 anos, moradora de Vitória da Conquista.
Além da distância, a mudança de hábitos alimentares e culturais também influencia. Restaurantes têm percebido um aumento na procura por pratos prontos e menus especiais, sinalizando que, para muitos, a tradição ainda importa — mesmo que adaptada aos tempos modernos.
Apesar das mudanças, há quem mantenha viva a essência da data, reunindo familiares, mesmo que em menor número, e celebrando com fé e simplicidade. São esses gestos que mantêm acesa a chama de uma tradição que, embora enfraquecida, ainda resiste ao tempo.