Na sala de casa, eles ainda tentam se recuperar dos últimos acontecimentos. O pai, Aparecido Trindade, segura uma pasta com os exames do pré-natal e também um outro documento: o boletim de ocorrência. A mãe, Caroline Rodrigues, carrega, ainda sem acreditar, a roupinha que guardava com tanto carinho para que seu primeiro filho, John Henrique, pudesse usar. Algo que não vai acontecer. Depois de mais de 48 horas do início da tentativa de indução do parto, o bebê nasceu de uma cesariana de emergência, na Fundação de Saúde Esaú Matos, em Vitória da Conquista, pesando quase 4 kilos, no último sábado, 22 de março de 2025. Segundo relato da tia de Caroline, Tamires Ribeiro, que acompanhou todo o processo, o bebê nasceu forte, mas já começou a apresentar os primeiros sinais de complicações ainda na sala de parto, como dificuldade respiratória, sendo necessário o internamento imediato na UTI da unidade.
Ainda de acordo com Tamires, durante mais de dois dias, a equipe se recusava a fazer uma cesariana, mesmo a mãe tendo dificuldades de dá a luz de forma natural: ” enquanto eu insistia para que eles olhassem ela, só me diziam que ‘era assim mesmo’ Eu via o sofrimento dela e percebi que não tava bem. Até que o pai, às 4 horas da tarde de sábado(22), conseguiu falar com uma obstetra que decidiu pela cesariana”, diz.
A mãe, Caroline, muito abalada teve dificuldades de conversar com nossa reportagem. Ainda em meio a dor no hospital, depois de ter recebido a notícia da morte do filho, teve o cuidado de doar algumas roupinhas da criança para os bebês mais necessitados que acabaram de nascer: “Tenho pra mim que ele veio com uma missão. No momento que eu olhei as roupinhas eu pensei: ‘tem criança aqui que tá nascendo e não têm o que vestir’. Ali já decidi doar e a criança que eu ajudei, tava mesmo precisando”, relata a nossa reportagem, bastante emocionada.
*Pai registra boletim de ocorrência*
A família acredita que o tempo da tentativa de indução para um parto natural, contribuiu para as complicações na saúde da criança. Durante esse período, o bebê evacuou no útero, ingeriu fluídos de mecônio e precisou ser internado na UTI assim que nasceu. Aparecido Trindade, pai da criança, registrou um boletim de ocorrência, dois dias após o sepultamento do filho: “Não vamos nos calar para que casos como este continuem acontecendo”, diz.
O Hospital Esaú Matos, por sua vez, lamentou profundamente a perda, manifestou solidariedade à família e afirmou, em nota oficial, que seguiu os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde. A direção reforçou que a mãe recebeu todo o atendimento necessário durante a internação. Ainda por meio de nota, o hospital disse que uma investigação foi aberta para esclarecer as circunstâncias do ocorrido