Um estudo recente revelou que um medicamento utilizado no tratamento de câncer pode ter potencial para ajudar a eliminar o HIV latente no corpo. A pesquisa, publicada no final de janeiro na Science Translational Medicine, trouxe resultados promissores ao testar o pembrolizumabe, um anticorpo monoclonal, em 32 pacientes que viviam com HIV e estavam em tratamento contra câncer.
O pembrolizumabe, que já é utilizado em tratamentos contra vários tipos de câncer como esôfago, pulmão, melanoma e certos tipos de linfomas e câncer de mama, age bloqueando uma proteína chamada receptor de morte programada (PD-1), estimulando o sistema imunológico a combater as células cancerígenas. No entanto, o estudo sugere que ele pode ir além: ao ser administrado em pacientes com HIV, o medicamento conseguiu induzir a saída do vírus latente, ou seja, aquele “escondido” dentro das células do corpo. Esse fenômeno, chamado de latência viral, é uma das principais razões que tornam a cura do HIV tão desafiadora.
Em combinação com o tratamento antirretroviral (TARV), que já é capaz de tornar a carga viral indetectável e impedir a transmissão do HIV, o pembrolizumabe pode estimular o sistema imunológico a eliminar as células que abrigam o HIV latente. Embora a carga viral indetectável seja um grande avanço no tratamento, eliminar o HIV do corpo de forma definitiva ainda é um grande desafio. Casos raros de pessoas curadas do HIV, como o “paciente de Berlim”, demonstram que a erradicação completa do vírus é possível, mas até agora não foi algo alcançado de forma consistente.
Esses achados podem abrir novas possibilidades no tratamento do HIV, oferecendo uma perspectiva otimista para o futuro das terapias. No entanto, mais estudos e testes clínicos serão necessários para confirmar a eficácia e segurança do pembrolizumabe nesse contexto e, eventualmente, transformar esses resultados iniciais em uma opção terapêutica viável para as pessoas vivendo com HIV.