O antídoto infalível
Todos diziam que a moça era exigente demais, “bonita como é, está solteira porque quer. ”
No fundo nem ela sabia quais as razões para estar solteira, tentativas frustradas não lhe faltava. De tanto ouvir falar que ela era exigente demais, estava determinada a dar oportunidade e ser tolerante com o primeiro que lhe aparecesse.
Coitada, esse tipo de propósito não se deve fazer, porque nesses casos o cupido vai a forra, é a oportunidade que ele tem para trazer alegria para o mais rejeitado dos seus protegidos.
Não muito tempo depois, apareceu aquele pretendente. O rapaz era feio com gosto, “daqueles que colocam onça no pau sem precisar de cachorro”, como dizem os antigos.
Logo que apareceu, declarou-lhe um amor que ela desconhecia, disse que a amava veladamente desde que a vira pela primeira vez. A moça ouviu aquelas palavras atônita, pois jamais imaginara.
Mas, como dizem que o tal amor é coisa rara nos dias de hoje, não quis ignorar, aceitou o convite para sair e se conhecerem melhor.
Entretanto, ao encontrar o rapaz, ela arrependeu-se de ter aceitado seu convite, o homem era ainda mais feio pessoalmente do que nas fotos, ela mal se lembrava de tê-lo visto pessoalmente, mas ao encontrá-lo assustou-se, era mais feio do que qualquer outro que já se envolvera, e olha que sua lista de caridade era grande.
Contudo, como ele havia de saído de sua cidade para encontrá-la, ela não quis fazer desfeita. Saíram.
Durante o jantar, ele tentou uma ou duas vezes beijá-la. Ela recuava de maneira discreta, educada. Ele já estava percebendo sua esquiva e o clima estava ficando meio constrangedor naquela mesa. Como ela estava decidida a não ignorar o sincero sentimento que ele dizia ter, teve uma ideia, resolveu recorrer ao antídoto que os homens costumam utilizar quando a balada não está como se espera, o álcool.
Chamou o garçon e duas taças de vinho depois, os dois se beijavam como eternos apaixonados.
E assim viveram felizes para sempre, até que o feioso lhe aplicou a primeira gaia.
Iza Diadorim
@iza.diadorim