Pais de alunos do Colégio Militar de Vitória da Conquista provocam Ministério Público e realizam carreta pró-educação neste sábado (30)

Inconformados com o que classificam de omissão da Secretaria Estadual de Educação (SEC), pais de alunos do Colégio da Polícia Militar Eraldo Tinoco, localizado em Vitória da Conquista, cobram do Ministério Público Estadual (MPE) posicionamento em favor dos estudantes da unidade e realizam no próximo sábado (30/01) a ‘Carreata pró-educação’. A saída será às 8h30 da Praça Tancredo Neves, no centro da cidade. O objetivo é buscar o apoio da sociedade para a luta que travam com a Secretaria de Educação do Estado em defesa dos estudantes da unidade de ensino que fizeram sua parte durante a pandemia do novo coronavírus.

Após criarem uma comissão, eles buscaram o apoio da subseção da OAB-BA do município e provocaram o MPE para que avalie a situação e atue de forma a fazer com que a SEC reconheça e valide as atividades realizadas durante o ano de 2020. Trabalho educacional que ocorreu seguindo as determinações curriculares para a execução dos Estudos Remotos por meio de Sequências Didáticas (SDs) e, sempre, observando as diretrizes previstas no calendário escolar.

De acordo com a comissão, tão logo se deu o fechamento das unidades escolares em março de 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, a direção do CPM efetivou, através do seu corpo discente, medidas que objetivaram não deixar desamparados os alunos. Dessa forma, implementou o Ensino Emergencial Remoto, pelo qual os estudantes foram motivados a manter a produção de conhecimento com atividades diversas, com abordagem do conteúdo curricular. Além de mensagens por meio de grupo de WhatsApp os conteúdos também foram disponibilizados no Instagram do colégio: @cpmvitoriadaconquista. Tudo sob o devido controle do corpo diretivo e pedagógico do CPM.

Durante os primeiros 30 dias do Ensino Emergencial Remoto os alunos receberam orientações para leituras, construção de mapas conceituais, elaboração de resumos, resolução de exercícios, games educativos, vídeos, filmes e documentários, entre outras atividades. “É importante destacar a presença maciça dos pais e responsáveis, que mantiveram contato com a escola através de e-mails, bem como a formação de grupo de WhatsApp de pais e de alunos, que trocavam informações cruciais para o bom andamento do ensino”, disse a advogada e mãe de aluno Ana Cristina Magalhães.

Prosseguindo, ela ressalta que do 6º ao 8º ano, onde está a parcela mais jovem da escola e que não possui autonomia para administrarem sozinha essa mudança na comunicação, foram cadastrados e-mails dos pais ou responsáveis, sendo repassado todo o conteúdo. “Já do 9º até o 3º ano do Ensino Médio foram enviadas as SDs para os e-mails, bem como formadas salas de aula no Google Classroom. Atendendo assim a um cronograma semanal, obedecendo uma sequência de disciplinas como Ciências Exatas, Ciências da Natureza, Linguagens e Ciências Humanas”, complementa Ana Magalhães.

ESFORÇO E EMPENHO – Até meados de julho ocorreram os estudos remotos por meio de SDs, registrando-se muito esforço, união, dedicação, perseverança e empenho de pais, alunos e toda a equipe pedagógica do CPM. “Nesse contexto, nunca tivemos tão pertos, apesar da distância física exigida, levando em consideração as relações interpessoais e pessoais necessárias a um bom convívio na sociedade, no ambiente de trabalho e da escola”, pontuou Jean Carlo Bahia, outro pai de aluno que luta pela validação e reconhecimento das atividades por parte da Secretaria de Educação do Estado.

Ele ressalta ainda que os pais e alunos que não possuíam recursos financeiros, nem equipamentos necessários para acesso à internet, o colégio, alguns pais, funcionários e militares, com a intenção única de ajudar e solucionar essa carência, zelaram para o bom andamento das atividades propostas. Sendo assim, todos os alunos foram assistidos, pois os que não possuíam estrutura em seus lares, contaram com uma sala da instituição para acesso irrestrito a internet, material impresso retirado pelos pais na escola ou recebidos em casa com o auxílio de outros pais/funcionários. Tudo isso seguindo os protocolos de distanciamento social determinado pelas autoridades sanitárias, com o objetivo de impedir a proliferação da pandemia”.

No que tange às questões emocionais, a escola disponibilizou atendimento psicológico individualizado aos pais e alunos, através de atendimento por chamada telefônica e vídeo chamadas; realizou Encontros Psicopedagógicos Virtual com o tema ‘Como otimizar seu tempo e melhorar seus estudos em casa’, num total de quatro encontros com cada segmento, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do 1º ao 2º ano do ensino médio, com 25 alunos em cada encontro, sob a orientação e coordenação da capitã Handria Souza, que abrangeu um total de 600 alunos. Como ainda não existe o reconhecimento da SEC, os resultados da primeira etapa, já concluída, não foram disponibilizados.

“Nossa luta e esforços visam, entre outros objetivos, evitar danos estruturais, sociais, psicológicos e pedagógicos para os nossos filhos e também para os pais e familiares de cada um dos alunos. Além disso, busca valorizar o estudante como peça fundamental para a construção de uma sociedade justa, igualitária, reconhecendo seus esforços e estimulando-os a criar saídas inteligentes e equilibradas, na construção de sua personalidade”, disse Suzinete Alves Sousa, também mãe de aluno.

IDEALIZADORA DA COMISSÃO – Segundo Maria de Fátima Nátila Ferreira, idealizadora da comissão, mesmo tendo conhecimento de todas as ações adotadas pela instituição, a SEC se manteve inerte, não demonstrando nenhum parecer favorável ou adverso. Ao qual, por fim, recomendou que as atividades fossem suspensas, o que motivou a formação da comissão de pais e responsáveis, que buscaram o apoio da OAB-BA e acreditam numa ação por parte do Ministério Público quando for provocado. “Por tudo que foi feito, pelo empenho dos professores e pelo comprometimento e participação dos alunos, sabemos que a Justiça será feita com a SEC se pronunciando favorável ao nosso pleito que é mais do que justo”, afirma.

Ela também alerta que outro importante objetivo da comissão é convencer a SEC da importância dessa luta, não apenas reconhecendo o que já foi feito como também mantendo o trabalho que vem sendo realizado no CPM. “Na verdade, o que foi feito no Colégio Militar, com o envolvimento responsável dos diretores, professores, alunos e seus responsáveis, deveria ser olhado pela SEC como um exemplo a ser seguido e não simplesmente ignorado. Não acreditamos que esse seja o pensamento do governador Rui Costa, um homem que em sua fala sempre lembra das dificuldades que sua mãe enfrentou para educar os filhos em escola pública. Por isso, acreditamos que o governador vai interceder em favor desses professores e alunos que demonstraram fé na educação como ferramenta para a libertação e o crescimento social”, finalizou Maria de Fátima.

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