Caculé: ADAB proíbe abate animal e açougueiros terão que se adaptar às novas determinações

“A proibição do abate clandestino é uma ação de defesa da saúde pública e ela está sendo feita em todo o estado da Bahia.” Afirma o Diretor da ADAB.

Consumidores podem ter que pagar mais caro pelo kg da carga após adoção das novas medidas pela ADAB.Açougueiros que trabalham com o comércio de carne bovina, caprina, suína, peixes e de aves em Caculé, têm até a próxima quarta-feira, 19 de agosto, para se adaptarem às determinações da ADAB – Agência de Defesa Agropecuária da Bahia. A determinação do órgão, feita após fiscalização realizada no município há aproximadamente 15 dias, é de que está proibido o abate animal na cidade e que o produto deve ser adquirido, preferencialmente, nos frigoríficos de Brumado ou Guanambi.

Para alguns açougueiros, ouvidos pela reportagem do Informe Cidade, a exigência da ADAB de que os animais, mais precisamente os bovinos, devam ser abatidos em frigoríficos credenciados ou que a carne seja comprada nesses estabelecimentos, poderá representar um aumento significativo no preço do produto para o consumidor final e até mesmo representar o “abandono” da profissão por alguns açougueiros. Eles apontam uma “inviabilidade econômica” para o ramo e alegam que a medida “aumenta ainda mais a burocracia e dificulta a logística desse trabalho.”

Pequenos criadores de gado temem que medida possa prejudicar a comercialização do animal na região. Foto: Divulgação.
Além do possível aumento no preço da carne para a população, a determinação da ADAB também pode atingir o criador de gado de corte, principalmente os menores, que têm um pequeno rebanho e que veem, na comercialização de sua criação para os açougueiros locais, uma importante e essencial fonte de renda.

“Após a engorda os animais são vendidos por um valor, de acordo ao seu peso, gerando lucro ao homem do campo da nossa região. Aqui em Caculé isso é uma prática antiga e que perdura até os dias de hoje, porém pode ser bruscamente mudada com essas exigências.” Disse um criador que preferiu não ter sua identidade divulgada.

Para o Zootecnista Tarcísio Ribeiro Paixão, formado pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, a proibição imediata destes abates afeta drasticamente a economia municipal, visto que, boa parte da renda econômica da população vem da pecuária.

No entanto, Tarcísio defende que a fiscalização e regularização do abate animal é fundamental para um controle de qualidade eficiente. Segundo o Zootecnista, “é uma garantia de segurança alimentar e produto de qualidade ao consumidor final, visto que, permite um controle da quantidade e qualidade da carne brasileira.”

Tarcísio ainda chama a atenção para um ponto importante. Ele nos lembra que o Brasil possui regiões de grande deficiência, onde o frigorífico mais próximo pode estar a mais de 100km de distância, o que dificulta essa regularização do abate em regiões pequenas.

“Cabe aos órgãos governamentais fazer políticas de conscientização antes de fechar os empreendimentos e procurar até parcerias que permitam a abertura de um frigorífico que atenda várias regiões.” acrescentou Tarcísio.

O Informe Cidade também ouviu o Diretor da ADAB, Maurício Bacelar. À nossa reportagem ele disse que uma das atribuições da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia é “fazer com que só chegue à mesa das famílias dos baianos, produtos de origem animal que tenham sido processados em estabelecimentos devidamente inspecionados pela ADAB ou pelo Ministério da Agricultura.” Bacelar enfatiza que o abate clandestino de animais é um crime e um crime muito grande contra a saúde da população.

“Em primeiro lugar, porque a gente não sabe se esse animal que foi abatido clandestinamente foi morto para ter sua carne comercializada ou se esse animal morreu por qualquer outro motivo e um comerciante ‘inescrupuloso’, está colocando essa carne à venda, colocando em risco a saúde das pessoas.”

Bacelar ressalta que a carne pode ser contaminada por conta do contato que tem com as fezes do próprio animal ou o contato da carne com o chão. O que, segundo ele, já a torna imprópria para o consumo humano. Ele também aponta outro problema que interfere na qualidade da carne que é o transporte incorreto que feito pelos matadouros clandestinos.

“Essas carnes são transportadas de maneira inadequada, sob altas temperaturas, elevando e muito o seu grau de putrefação, colocando em risco a saúde da população.”

O diretor da ADAB afirma que a proibição do abate clandestino é uma ação de defesa da saúde pública e ela está sendo feita em todo o estado da Bahia, de maneira itinerante, para que se garanta produtos de qualidade da mesa da população.

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