Jornalista que denunciava ação de facções na fronteira com Paraguai é executado

O jornalista Léo Veras, conhecido por denunciar crimes na fronteira entre Brasil e Paraguai, foi executado com ao menos 12 tiros de pistola na noite desta quarta-feira (12) na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, na divisa com Ponta Porã (MS).

A vítima já havia recebido ameaças por criticar ações de narcotraficantes na região, principalmente do Primeiro Comando da Capital (PCC), informou Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul.

Mais conhecido como Léo Veras, Lourenço Veras era dono do site Porã News, especializado em notícias policiais, editado em português e espanhol. O jornalista nasceu no Paraguai e também tinha nacionalidade brasileira. A investigação do crime é feita pelas polícias dos dois países.

O CRIME
Léo Veras jantava com a família no quintal de sua casa quando três homens encapuzados desceram de um Jeep Cherokee e fizeram os disparos. Veras tentou fugir, mas recebeu tiros de pistola calibre 9 mm nas costas e na cabeça. Ele foi levado a um hospital de Pedro Juan, mas já chegou sem vida.

De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, Veras era alvo de ameaças. “Ele era contundente em críticas à ação do narcotráfico na região da fronteira e vinha recebendo ameaças”, diz. “Recentemente ele foi entrevistado em reportagem de alcance nacional denunciando as facções que agem na fronteira, especialmente o PCC. Por conta disso, sua relação com as autoridades e forças policiais era muito boa, mas certamente desagradava o crime”.

No mês passado, Veras noticiou com destaque a fuga de presos do PCC em Pedro Juan Caballero e acompanhou a caçada aos fugitivos pelas polícias dos dois países. O secretário disse ter conversado com autoridades paraguaias e definido linhas de ações conjuntas para investigar a execução.

A polícia recolheu o celular e o computador do jornalista na tentativa de identificar a origem das ameaças. Imagens de câmeras instaladas na região também foram requisitadas para análise.

De acordo com o promotor de Pedro Juan, Marco Amarila, que está à frente da investigação, a esposa de Veras contou que ele estava muito apreensivo e denotava temor de ser assassinado. Ela não soube dizer, no entanto, de onde partiriam as ameaças, mas repassou à investigação algumas características dos assassinos.

PEDIDO
Em 2013, após inúmeras ameaças recebidas por Léo Veras em razão do seu trabalho, o próprio jornalista havia feito um vídeo em que parecia prever a própria morte. “Eu sempre peço que não seja tão violenta minha morte, que não seja com tantos disparos de fuzil, porque aqui se um pistoleiro quer te matar, ele vem na sua porta manda você abrir e vai te dar um disparo. Espero que seja só um disparo, porque não vai estragar tanto a sua pele”, disse, encerrando com um rápido riso. O vídeo foi postado, agora, em sites de jornais da região.

NOVO CASO
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Região da Grande Dourados (Sinjorgran) emitiu nota lamentando e repudiando o atentado. A nota lembra de outro jornalista assassinado, Paulo Rocaro, em 13 de fevereiro de 2012. Segundo a investigação feita pela polícia brasileira na época, ele teria sido vítima de um crime político.

“Agora no velório de Léo Veras estarão praticamente os mesmos colegas que sepultaram o corpo de Paulo Rocaro. Por isso, o Sindicato cobra segurança e justiça e afirma sua solidariedade aos familiares de Léo Veras e a todos os comunicadores de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.

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