Um estudo assinado por um grupo internacional de cientista relaciona a alimentação pobre em proteína a vulnerabilidade de mulheres à infecções. O fato, de acordo com o estudo, pode ter contribuído para o nascimento de bebês com microcefalia durante a epidemia de zika em 2016 no Brasil. O estudo foi publicado no final da semana passada na revista especializada Science Advance.
Para chegar às conclusões, a hipótese dos cientistas foi testada em camundongos. O trabalho foi realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com reportagem do Estadão, através dos testes os pesquisadores notaram que entre as roedoras infectadas por zika apenas as que tinham um déficit proteico significativo na alimentação tiveram filhotes com microcefalia. Dados epidemiológicos confirmaram a tendência também entre seres humanos.
“O que vimos no modelo animal foi muito impressionante”, afirmou Patrícia Garcez, da UFRJ, integrante do estudo. “Eles se tornaram muito mais suscetíveis à infecção, apresentavam uma carga viral maior e, além disso, vimos que o vírus causava uma alteração placentária muito maior do que a do animal controle. Essa barreira (a placenta) foi totalmente destruída”, explicou a cientista.
Em outra etapa da pesquisa os cientistas levantaram informações sobre os hábitos alimentares das mulheres que tiveram bebês com microcefalia. Ainda conforme a reportagem, os dados epidemiológicos revelaram que 40% das mulheres que tiveram filhos com a chamada síndrome congênita da zika também apresentavam desnutrição proteica. Foram entrevistadas 83 mulheres no Ceará.