Foi encontrado o corpo inteiro de mais uma das vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. A vítima foi achada sob a lama na região do Remanso 4, na manhã deste domingo, 29, pelo Corpo de Bombeiros. O corpo já foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para que seja identificado.
De acordo com o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Fábio Daldegan, na tarde de sábado, 28, os cães farejadores demonstraram interesse em uma área específica, na frente de trabalho. “Neste domingo, pela manhã, os nove militares que atuam nessa frente começaram as escavações. Por volta das 10h15, foi encontrada essa joia”, disse o militar, se referindo ao corpo da vítima.
Conforme os peritos, encontrar um corpo praticamente intacto em meio aos escombros é possível por causa de um fenômeno chamado saponificação. Ele ocorre quando existe uma grande concentração de minério, com baixa presença de oxigênio no solo e temperatura baixa, favorecendo a conservação dos restos mortais.
“Não foi possível identificar gênero, idade ou qualquer coisa mais assertiva”, afirmou Daldegan.
A identificação será possível a partir de um banco de dados com materiais coletados das vítimas. “Não tem como adiantar esse processo. Às vezes tem caso que a identificação é feita apenas com DNA. Mas como é um corpo ‘mais limpo’, pode ser que seja possível a partir da arcada dentária”, informou o militar.
Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, até agora, oficialmente 249 pessoas morreram em decorrência da tragédia no município. Para o tenente-coronel, ainda é muito cedo para se afirmar que o corpo encontrado na manhã deste domingo é uma dos 21 nomes que continuam desaparecidos. “Enquanto a Polícia Civil não identificar, continuamos trabalhando com esse número, de 21 vítimas ainda desaparecidas”, afirmou Daldegan.
Método de trabalho
Este domingo marcou o 248º dia de operação de buscas a vítimas. Em campo, os bombeiros atuavam em 22 frentes de trabalho, com 147 militares e dois cães farejadores. Segundo o tenente-coronel Fábio Daldegan, mais de 92% dos corpos foram encontrados em até três metros de profundidade nesses oito meses de buscas.
“Antes, a gente trabalhava com cota zero e ia progredindo no terreno. Depois que foi feita a análise mais apurada priorizamos essa escavação de até três metros para otimizar o trabalho antes do início do período chuvoso. Logicamente que, em algum momento, quando o cão identificar qualquer indício que aponte essa possibilidade, a gente extrapola esses três metros”.
Para o período chuvoso, os militares não pretendem parar as buscas. Uma nova metodologia deverá ser adotada a medida que as chuvas interfiram no cenário onde atuam as frentes de trabalho. “Iremos observar o comportamento desse material que está depositado, para pensar o que fazer e a logística necessária para continuar. Mas a ideia é não parar. Não parar enquanto as 21 joias não forem encontradas”, concluiu.
Posicionamento
Por meio de nota a Polícia Civil informou que o corpo encontrado não está completo e é do sexo masculino. A corporação afirma que, apesar de seis hroas de trabalho, ainda não há previsão para o fim da perícia.
Também, o órgão declarou que não foi possível identificar a vítima por impressões digitais. Agora, médicos-legistas tentam outros processos, como odontologia legal e antropologia forense, para fazer a identificação.
“Os trabalhos no IML poderão durar a madrugada toda. O trabalho da PCMG teve início hoje à tarde, em Brumadinho, com a perícia criminal no local onde o corpo foi encontrado”, diz o texto.
A Polícia Civil convocou uma coletiva de imprensa às 14h30 desta segunda-feira (30) para divulgar os resultados da perícia.