Uma cientista brasileira desenvolveu um pequeno equipamento, semelhante a uma caneta, capaz de detectar células tumorais em poucos segundos. Livia Schiavinato Eberlin explicou que a MacSpec Pen, como foi nomeada, tem como principal objetivo certificar, durante uma cirurgia oncológica, que todo o tecido tumoral foi removido do corpo do paciente. A ‘caneta’ é um avanço muito importante para a comunidade médica, especialmente na área da oncologia, pois deve revolucionar a forma de localizar uma lesão cancerosa no tecido saudável. “Muitas vezes o tecido é retirado e analisado por um patologista ainda durante a cirurgia para confirmar se todo o tumor está sendo retirado, mas esse processo leva de 30 a 40 minutos e, enquanto isso, o paciente fica lá, exposto à anestesia e a outros riscos cirúrgicos”, explicou Livia, que é chefe de pesquisa na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, onde mora. O equipamento usa uma técnica de análise química para dar essa mesma resposta que um patologista daria. “A caneta tem um reservatório preenchido com água. Quando a ponta dela toca o tecido, capta moléculas que se dissolvem em água e são transportadas para um espectrômetro de massa, equipamento que caracteriza a amostra como cancerosa ou não”, disse a cientista.
Essa caracterização da amostra pode ser feita porque a tecnologia usa, além dos equipamentos de análise química, técnicas de inteligência artificial para que a máquina “responda” se as células são tumorais. Para chegar a este resultado, foram usadas, na criação do modelo, centenas de amostras de tecidos cancerosos que, por meio de suas características, “ensinam” a máquina a identificar tecido tumoral. “Na primeira fase da pesquisa analisamos mais de 200 amostras de tecido humano e verificamos uma precisão de identificação do câncer de 97%”, contou Livia, que está no Brasil para apresentar os resultados iniciais de sua pesquisa no congresso Next Frontiers to Cure Cancer, promovido anualmente pelo A.C. Camargo Cancer Center.