Morreu na tarde desta terça-feira, 30, a cantora e sambista Beth Carvalho, aos 72 anos. Segundo o Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, onde ela estava internada desde o dia 8 de janeiro, a causa da morte foi um infecção generalizada (sepse).
Em nota, o empresário da cantora, Afonso Carvalho, afirma que ela morreu às 17h33, “cercada do amor de seus familiares e amigos”. “Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento”, diz o texto. “Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de Andança, até chegar a Marte com Coisinha do Pai, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra.”
O velório de Beth Carvalho acontece na quarta 1º, a partir das 10 horas, no Salão Nobre da sede do Botafogo, time do coração da cantora, no Rio de Janeiro. Às 16 horas, o corpo será levado para o crematório do Caju.
Um dos maiores nomes da música brasileira, Beth Carvalho tinha cinquenta anos de carreira e uma discografia de mais de trinta títulos. Ficou conhecida como “madrinha do samba”, por ter ajudado a revelar nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão e o grupo Fundo de Quintal.
Trajetória:
A sambista nasceu Elizabeth Santos Leal de Carvalho, no Rio, em 5 de maio de 1946. Herdou da família a paixão pela música – sua avó tocava bandolim e violão. Desde criança, ouvia Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, grandes amigos de seu pai, que os recebia em sua casa.
Na adolescência, cantava bossa nova e outros ritmos em festas e, para ajudar a família, após o pai ser perseguido na ditadura por seus pensamentos de esquerda, passou a dar aulas de violão. Não por acaso, herdou do pai a postura engajada por toda a vida.
Gravou o primeiro compacto em 1965, com a canção Por Quem Morreu de Amor, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Nos anos seguintes, seguiu a trilha dos festivais.
Seu primeiro sucesso foi Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, que ela defendeu no Festival Internacional da Canção, em 1968, e com o qual conseguiu o 3º lugar. A música também deu título ao seu primeiro LP, que foi lançado em 1969. Emendou outros sucessos na sua voz, como o hino Vou Festejar, e eternizou Coisinha do Pai. Na década de 70, gravou Folhas Secas, com Nelson Cavaquinho, e As Rosas Não Falam, de Cartola.