A professora de balé Geovanna Alves Lemos, 41 anos, que estava em uma moto, morreu depois de ser atingida por um carro na tarde desta quinta-feira (15) na Avenida ACM, na Pituba. Um Kia Sportage que era conduzido no sentido Orla acabou atingindo a moto, que ia pegar o retorno para o Itaigara. Geovanna não resistiu e morreu no local. Ela e o mototaxista estavam de capacete no momento da batida.
De acordo com a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), o acidente aconteceu por volta das 12h20. Com o impacto do acidente, os dois veículos atravessaram o canteiro da pista e foram parar no outro retorno. “O condutor de outra motocicleta que estava aqui no local também… Falaram que viram que ela (condutora do carro) possivelmente estaria no celular”, afirmou o coordenador de trânsito José Hage.
A professora estava indo justamente para o colégio Sartre no momento do acidente – ela trabalhava lá como professora assistente há dois anos. Ela também dava aulas na Ebateca, em Brotas. Venécia Rocha, amiga e diretora da escola de dança, contou que Geovanna foi aluna da instituição desde criança e começou a dar aulas com 16 anos. “Ela era uma menina jovem, alegre e cheia de vida. Ela dançava com a alma. Foi uma coisa muito brutal o que aconteceu com ela. Não é possível, gente”, lamentava Venécia. “Ela tinha receio, então pegava sempre o mesmo mototáxi. Ela saiu de casa e tava indo trabalhar no Sartre. Ela é nossa professora há muito tempo, mas é também uma grande amiga”.No local do acidente, a mãe de Geovanna chorava bastante sentada em uma viatura da Transalvador. Amigos e colegas da professora também foram ao local. Diretora do Sartre, onde a professora dava aulas, Maria Auxiliadora Andrade também foi até lá e chorou bastante ao se deparar com a cena. “Uma menina alegre, linda. Como pode uma brutalidade dessas? A mãe perdeu a filha única”, diz “Eu ainda não estou acreditando. Ela era filha única, batalhadora, só vivia sorrindo”, acrescenta.
Um motociclista que testemunhou o acidente também está na delegacia. Ele afirmou que viu a batida e diz que a motorista do carro tentou fugir arrastando a moto, mas acabou batendo em um bloco de concreto.
Médica dirigia
A motorista do carro foi identificada como a médica Rute Nunes Oliveira Queiroz, ex-diretora médica e assessora técnica do Hospital Roberto Santos. O marido dela, Mário Queiroz, a acompanhou na delegacia. Ele afirmou que Rita estava indo buscar a filha na escola, sua rotina diária. “Fatalidade. Acidentes acontecem. Ela é mãe de família, pessoa de caráter”, diz. “Estava escrito. Era eu que ia buscar (a filha). Mas ela disse deixa que eu vou, deixa que eu vou. Depois quando ela me ligou tava aquela gritaria. Sinto muito pela família da jovem”, continua, acrescentando que a família nunca vai esquecer desse dia.
A médica passará por exame toxicológico e de corpo de delito. Segundo a delegada Maria Selma, titular da 16ª, a médica está presa em flagrante, mas ainda não há definição se haverá fiança para liberá-la. “Ela está presa em flagrante e sendo ouvida em flagrante. Presa porque houve uma morte, a gente ainda tem dúvida a respeito de quem teve e quem não teve (culpa)… Ela não se furtou a prestar socorro porque ela estava lá. Não sei (se tentou fugir). Uns dizem, tem testemunha que diz que não. A hora que a gente chegou ela estava lá. A mesma coisa diz a Polícia Militar, que chegou e encontrou ela lá. Se ela estava lá, ela não saiu correndo e não tentou fugir”, afirma. Questionada se é verdade que a médica estava ao celular, a delegada preferiu não responder. “Isso aí vai ter que ser tudo investigado”.
Maria Selma explicou que o caso está sendo conduzido pela delegada assistente da unidade, Maria Andrade. “Fui no local, dei uma olhada no que aconteceu, tinham me dito em princípio que era um atropelo. Não foi um atropelo, foi um acidente, envolvendo uma motorista de um veículo e uma motocicleta de um mototaxista que estava com uma passageira, segundo ele. Fui no local, vi tudo, solicitei uma perícia para o local, para saber quem tinha razão, isso a gente só vai quando a perícia soltar os laudos. Pedi a remoção. Pedi para minha assistente fazer, ela tá fazendo o flagrante, ouvindo todo mundo, PM, testemunhas da pessoa que estava conduzindo a moto e também as testemunhas dela. E ela também vai ser ouvida. Todas as investigações serão feitas, vamos puxar imagens do trajeto, porque além da perícia a gente tem ali muita imagem. Estão sendo buscada as imagens, para poder ver o que aconteceu de fato”.
Fonte: Correio 24 horas