Depois de reportagem exibida no Fantástico no domingo (21) mostrar um furto de celular no Centro de Porto Alegre, no qual foi possível identificar e rastrear os assaltantes, a equipe da RBS TVrealizou mais um flagrante, na Rua Voluntários da Pátria, na capital gaúcha. Dois homens furtam o aparelho da mochila do repórter Giovani Grizotti, sem saber que seriam monitorados por meio de um aplicativo instalado no aparelho.
A ação aconteceu em um local marcado pelo comércio ilegal de celulares, no qual eles são comercializados sem nota fiscal. Ao avistarem o celular, os criminosos se aproximam do repórter disfarçados. A movimentação foi flagrada pelo repórter cinematográfico Dalmir Pinto, do alto de um prédio.
O que eles não sabiam é que estavam sendo monitorados por um aplicativo espião, que monitora todo o percurso desde o furto, além de registrar imagens da câmera, o que permite ver e identificar as pessoas que pegaram o aparelho. O especialista em informática Ronaldo Prass explica como funciona.
“Eu vou ter a posição do GPS, vou poder fazer uma captura de tela do aparelho, uma fotografia de quem estiver utilizando o aparelho, então ele está sendo completamente monitorado”, conta.
O mapa registrado pelo celular mostra que a dupla circulou pelas ruas próximas a Voluntários. Depois, o celular foi levado até uma galeria, também no Centro. Trata-se de uma oficina eletrônica que oferece o serviço de desbloqueio de celulares cadastrados como roubados ou extraviados. Lá, é possível fazer a troca do número único de cada celular, uma espécie de “chassi”, chamada Imei.
O repórter vai até o local e conversa com um dos atendentes.
Grizotti: Daí tu cria outro IMEI, no caso?
Atendente: É um Imei novo.
Grizotti: Não tem perigo de voltar, de bloquear?
Atendente: Não.
O aplicativo mostra uma foto tirada no smartphone furtado, que indica que o aparelho ainda está no Centro de Porto Alegre. Na imagem, é possível ver pessoas caminhando no entorno. Em seguida, o programa grava um áudio, no qual alguém pergunta se o telefone é desbloqueado. A resposta é sim.
No dia seguinte, o aplicativo aponta um novo endereço. O telefone aparece no bairro São Geraldo, na Zona Norte da capital gaúcha. Nesse local, a câmera do celular flagra imagens do comprador manuseando o smartphone e instalando aplicativos.
A reportagem vai até o endereço e conversa com o comprador do celular. É um paraibano que trabalha em Porto Alegre instalando ar-condicionado.
Grizotti: A gente estava fazendo uma reportagem, e gravou o celular sendo roubado da minha mochila.
Comprador: Vixe Maria.
Grizotti: Tu lembra onde é que tu trocou ele, onde é que tu comprou ele?
Comprador: Foi lá no Centro. Eu apanhei lá na rua com um menino lá. O melhor que eu vou fazer: vou formatar aqui e entregar a você.
Grizotti: Vai devolver pra gente?
Comprador: Vou.
Grizotti: Como que reage ao saber que comprou um celular roubado?
Comprador: Tô até me tremendo, pelo amor de Deus.
Na reportagem exibida no domingo pelo Fantástico, um homem e uma mulher furtam o celular da mochila da equipe da RBS TV. Graças ao aplicativo espião, foi possível identificar quem são e o local onde o aparelho foi parar.
Uma das envolvidas no crime, Nara Jaqueline Rodrigues era funcionária terceirizada no prédio sede do governo gaúcho e foi afastada. O outro é Paulo Vilnei Abadie, gari da Prefeitura de Porto Alegre. Ele vai responder a uma sindicância, mas por enquanto não deve ser afastado.