Coreia do Norte vê “ato de guerra” em novas sanções da ONU

Coreia do Norte chamou, neste domingo (24), de “ato de guerra” as novas sanções votadas pelo Conselho de Segurança, reafirmando que elas não o impedirão de realizar seus programas nuclear e balístico.

 

“Nós rejeitamos totalmente as últimas sanções da ONU (…) como um ataque violento à soberania da nossa república e um ato de guerra que destrói a paz e a estabilidade da península coreana e da região”, declarou o ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte em comunicado emitido pela agência oficial KCNA.

O Conselho de Segurança da ONU endureceu, na sexta-feira (22), as medidas de represália contra a Coreia do Norte por meio do voto unânime de uma resolução dos Estados Unidos, visando o petróleo e os trabalhadores norte-coreanos no exterior.

O regime norte-coreano acelerou consideravelmente nos últimos dois anos o desenvolvimento de seus programas militares, aumentando os testes nucleares e balísticos.

Seu líder Kim Jong-Un proclamou, em 29 de novembro, que seu país havia se tornado um Estado nuclear depois de testar com sucesso um novo tipo de míssil capaz, segundo ele, de atingir qualquer lugar nos Estados Unidos.

Esta é a nona série de sanções particularmente drásticas da ONU contra Pyongyang. As últimas três foram adotadas este ano sob a instigação dos Estados Unidos após testes de mísseis e um teste nuclear.

Washington apresentou na quinta-feira (21) um projeto de resolução após conversas com a China, aliada de Pyongyang, após o teste de um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-15 em 29 de novembro.

“Sanções inofensivas”

Descrevendo a Coreia do Norte como “o exemplo mais trágico do mal no mundo moderno”, a embaixadora americana Nikki Haley afirmou que as novas sanções “refletem a indignação internacional com as ações do regime de Kim Jong-Un”.

A Coreia do Norte justifica o desenvolvimento de seus programas militares proibidos pelas Nações Unidas pela ameaça que representa os Estados Unidos à sua própria existência.

A resolução de sexta-feira visa principalmente os expatriados norte-coreanos, que deverão ser enviados para casa até o final de 2019. O projeto previa, inicialmente, um prazo de 12 meses, mas a Rússia interveio para prorrogar o prazo.

Dezenas de milhares de norte-coreanos vivem no exterior, principalmente na Rússia e na China, para trabalhar e gerar uma valiosa moeda estrangeira para seu país de origem. Segundo a ONU, eles trabalham em “condições próximas da escravidão”.

Mais importante ainda, o texto endurece as disposições das resoluções anteriores, em particular através da redução do fornecimento à Coreia do Norte de petróleo bruto e refinado, a maioria proveniente da China.

E se Pyongyang realizar novos testes nucleares ou disparar novos mísseis, o Conselho “agirá para reduzir ainda mais as exportações de petróleo para a Coreia do Norte”, adverte a resolução.

No entanto, está claro que as sanções e ameaças não dissuadiram Pyongyang em seu projeto atômico.

A Coreia do Norte voltou a afirmar neste domingo que continuará seus programas com “ainda mais vigor para atingir um equilíbrio de poder com os Estados Unidos”.

“Se vocês acreditam que essas sanções inofensivas podem impedir a marcha vitoriosa do nosso povo que alcançou o objetivo histórico de desenvolver armas nucleares, não poderiam cometer um erro maior”, insistiu o ministério das Relações Exteriores.

“Os Estados Unidos e os marionetes que os seguem não devem esquecer o status ainda melhorado de nossa Nação, que é uma Nação que pode representar uma ameaça nuclear real para os Estados Unidos”, ressalta.

Os especialistas concordam que os programas militares de Pyongyang fizeram progressos reais. Mas duvidam que o país domine a tecnologia necessária para levar um míssil de volta à atmosfera.

 

 

 

Fonte: EXAME

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