“É óbvio que me decepcionei com Aécio”, disse o apresentador Luciano Huck sobre o senador, de quem já foi amigo

Nessa segunda-feira, mesmo dia em que tornou pública por meio da imprensa a sua decisão de não concorrer à presidente da República em 2018, o apresentador Luciano Huck admitiu ter ficado desapontado com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), de quem era amigo. “Levante a mão quem nunca se decepcionou com um amigo. É óbvio que isso também aconteceu comigo”, declarou o comunicador de 46 anos, ao participar de um seminário promovido pela revista “Veja”.

Ele reiterou que pretende se envolver na campanha política do ano que vem apenas como cidadão, foi questionado no local sobre a relação com o mineiro, apoiado por ele na disputa de 2014 ao Palácio do Planalto e que foi derrotado pela petista Dilma Rousseff no segundo turno.

Aécio, que neste ano caiu em desgraça neste ano após a delação da JBS/Friboi e a prisão de pessoas próximas a ele, como a irmã e assessora, Andréa Neves, declarou no dia 11 deste mês que uma eventual candidatura do comunicador ao cargo mais importante do País representaria a “falência da política”.

Huck, por sua vez, garantiu que não fala mais com o senador, mas que a amizade dos dois “sempre foi pública”. “Eu apanhei por causa de um erro que eu não cometi. Eu fiquei chateado. Tomei muita porrada por causa dele também. Acho triste por ele, pelo sistema, pela situação como um todo”, desabafou o marido da também apresentadora Angélica, com quem está casado desde 2004.

Em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que na semana passada disse que gostaria de “disputar a Presidência com alguém com o logotipo da Globo estampado na testa”, Huck preferiu não responder diretamente.

“Se eu tivesse optado por ser candidato, a Globo seria muito mais rigorosa comigo do que com os outros. Esse assunto foi discutido com a emissora do jeito mais maduro, aberto e democrático”, prosseguiu. Ele disse, ainda, que não foi pressionado pela Globo a comunicar até dezembro a decisão sobre o seu destino na política.

“Insanidade”

Quando o apresentador disse, no início de sua participação, que não é candidato a presidente, parte da plateia soltou um “aaah” em coro, indicando contrariedade. Na saída, diante dos jornalistas, Huck repetiu: “Não vou ser candidato. Não quero ser político e jamais serei político. Eu quero, de verdade, usar a voz que eu tenho de um jeito bacana para todo mundo, contribuir de fato para que a gente tenha um país mais legal”.

O comunicador frisou que segue no lugar onde está – ou seja, a TV – e que acredita ter um papel importante no meio, tentando valorizar exemplos de boas práticas, livre iniciativa e ética. “Mais do que isso, eu tenho três filhos muito pequenos. Seria uma insanidade neste momento fazer uma ruptura tão grande”, avaliou, ao salientar que também pesaram na sua decisão os pedidos da família para que não entrasse na política.

Movimentos

O apresentador, queentrou para os grupos Agora! e RenovaBR, reiterou que quer participar da vida política por intermédio de movimentos da sociedade. “Eu vou ser um cidadão participativo, sempre. Quero participar das discussões, do debate, não quero ficar fora dele”, afirmou.

Ao longo dos últimos seis meses, o apresentador teve conversas tanto com organizações independentes quanto com partidos e lideranças políticas. Por causa de Huck, o Agora! se aproximou do PPS, partido que sonhava em tê-lo como candidato a presidente. A sigla acenou com a possibilidade de incorporar o movimento.

“Eu quero jogar luz no que vem por aí. Acho importante dar espaço, olhar essa nova geração que está com vontade de servir. O Agora! está maior do que essa questão. A ideia não é virar um partido político, muito pelo contrário. É mais um espaço de curadoria de gente e de ideias”, disse o comunicador. Os dois grupos se preparam para lançar e apoiar novos nomes para o Legislativo, numa busca por renovação principalmente no Congresso Nacional.

Apoiar um presidenciável em 2018, afirmou Huck, “pode ser uma coisa importante”. Declarando-se “nem de direita nem de esquerda, mas de bom senso”, ele disse esperar que surja até o ano que vem “uma opção de centro” que seja viável. “Tem que aparecer, é preciso ter as três opções claras para que as pessoas possam decidir.”

De todos os pré-candidatos apresentados, no entanto, o apresentador não vê “ninguém que possa aproveitar a oportunidade” colocada hoje, com um “sistema que derreteu” e precisa ser reconstruído: “A gente tem que fazer um esforço sobre-humano de tentar, não quero obviamente falar nem bem nem mal de ninguém, melhorar muito a qualidade do debate. O ano de 2018 não deve ser de ficar jogando pedra de um lado para o outro, mas de construção”.

 

 

Fonte: O Sul

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