Com aval do Ministério Público Federal, o operador financeiro Lúcio Funaro conseguiu mais prazo para ficar na carceragem da Polícia Federal, em Brasília. Usará o tempo para terminar de escrever os anexos da sua proposta de delação que traz detalhes e provas de esquemas de corrupção de integrantes do PMDB. Dentre as provas estão searas ainda pouco exploradas na Operação Lava Jato e seus desdobramentos até agora: estatais.
Funaro deveria ter voltado para a Papuda na sexta-feira (14), mas teve autorização para retornar na quarta-feira (19), dia que dará novo depoimento ao juiz da 10ª Vara, Vallisney de Oliveira, o que determinou a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Como “aperitivo”, Funaro já contou à PF como Geddel ajudou Joesley a conseguir um empréstimo na Caixa de R$ 2,7 bilhões para que a J&F pudesse comprar a Alpargatas, fabricante das sandálias Havaianas. O político baiano teria cobra teria cobrado em troca uma propina de R$ 80 milhões. Questionado pela PF sobre o episódio, Joesley negou. Disse que o empréstimo já estava acertado com a Caixa quando Funaro o procurou cobrando a propina. O empresário afirmou que concordou pagar 1,5% do valor total de R$ 2,7 bilhões, mas não teria honrado o acordo. Em outro depoimento, mais recente, Funaro detalhou como entregava pessoalmente malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima.
Agora ele diz que vai contar mais detalhes dos esquemas de políticos do PMDB na Caixa Econômica Federal, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e no Congresso (com a venda de Medidas Provisórias, entre outros delitos além de entregar grandes empresas brasileiras envolvidas. Ofereceu ainda provas contra políticos do PT, do PSDB, do PSC, do PTB e do PR, além do já citado PMDB.
De acordo com o portal UOL, entre os nomes no cardápio, além de Geddel, estão o presidente Michel Temer (PMDB-SP); o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ); o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); o atual ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco (PMDB-RJ); o ex-deputado federal Gabriel Chalita (PDT-SP); o senador Romero Jucá (PMDB-RR); o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e o ex-senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido).
Outro alvo da possível delação de Funaro: os negócios do empresário Joesley Batista no FI-FGTS, na Caixa e no Ministério da Agricultura, além de órgãos e agências reguladoras como Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em grande parte estão contemplados na delação dos executivos da J&F, homologada pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), e depois confirmada pelo plenário da corte.
Funaro promete arrolar novos empresários, como Henrique Constantino, um dos donos da companhia aérea Gol, que por sua vez também negocia um acordo de delação premiada para si próprio.
Fonte: Bocão News