Santos é uma das cidades do País que fará parte da nova política de prevenção à aids. Até o final do ano, o Ministério da Saúde pretende incluir na lista gratuita do Sistema Único de Saúde (SUS) um dos mais eficientes métodos usados antes da exposição ao vírus: a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
A dosagem da PrEP será oferecida a grupos mais expostos ao risco de contágio, como prostitutas e homens que mantêm relações com outros homens. O Brasil é o oitavo país no mundo a financiar com recursos públicos o remédio que pode reduzir o risco de infecção pelo HIV antes da exposição ao vírus.
A PrEP consiste na utilização do antirretroviral (truvada) antes da exposição ao vírus, em pessoas não infectadas pelo HIV e que mantêm relações de risco com maior frequência.
O PrEP reduz as chances de contaminação pelo vírus da aids quando usado de forma contínua. Porém, pode trazer efeitos colaterais, como leves disfunções gastrointestinais e renais. Especialistas asseguram, contudo, que os sintomas são geralmente leves e desaparecem após o primeiro mês de uso regular do medicamento.
Inicialmente, a PrEp será implementada em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto. A partir de 2018, a terapia será estendida ao resto do País, incluindo a Baixada Santista.
O novo tratamento de uso diário combina dois tipos de antirretrovirais (tenofovir e emtricitabitina). Produzido pela empresa americana Gilead Sciences, a substância bloqueia a multiplicação do vírus contaminante do HIV no organismo.
“Significa que a pessoa incluída no grupo de risco de contrair HIV deve fazer o uso da medicação bem antes de manter relações sexuais”, explica o médico infectologista Fábio Mesquita, que atualmente trabalha para o Departamento de HIV/Aids na Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça.
Ex-coordenador dos programas de aids de Santos e São Vicente, Mesquita foi um dos articuladores para a adoção da estratégia no País, durante a sua passagem pelo Ministério da Saúde, entre 2013 e 2016.
“A PrEP teve divulgada seu primeiro estudo conclusivo em 2010 e, desde então, passou a ser considerada uma alternativa dentro da prevenção combinada”, diz.
Combinação
Segundo a OMS o remédio diminui em até 92% o risco de o vírus entrar nas células. “Isso não quer dizer que se deve abandonar os tradicionais métodos para evitar as doenças sexualmente transmissíveis. São ferramentas combinadas: medicação, preservativo e outras estratégias”, afirma o infectologista Marcos Caseiro.
Ele explica que desde 2014 a OMS defende a utilização de PrEP como forma adicional de prevenção à infecção pelo vírus, além do preservativo. “Com as novas diretrizes, verificamos que é possível conter o avanço da infecção. O truvada praticamente reduz a níveis próximos de zero a transmissão do HIV”, continua.
A nova estratégia surge num momento em que as taxas de infecção por HIV entre homens que fazem sexo com homens continuam altas no mundo. Razão pela qual o médico infectologista Ricardo Hayden afirma que as novas opções de prevenção são necessárias e urgentes. “São ações que podem somar mais um item de prevenção contra a transmissão do HIV”, conclui.
Fonte: A Tribuna
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