Na segunda-feira, 22, eles aprenderam sobre a campanha nacional “Maio Amarelo”. Na terça-feira, 23, a aula tratou de meio ambiente, cidadania e nutrição animal. E, nessa quarta-feira, 24, dúvidas foram esclarecidas sobre legislação de trânsito, normas de conduta, sinalização e garantia de direitos.
Depois de três dias e um total de 25 horas de conteúdo programático, um grupo de quase 300 carroceiros recebeu seus certificados no auditório do Centro Municipal de Atendimento Especializado (Cemae). Com isso, foi concluída a primeira etapa do processo por meio do qual a Prefeitura pretende regulamentar o tráfego de veículos de tração animal em Vitória da Conquista.
A próxima etapa, a ser cumprida em julho, é a concessão de licença aos carroceiros, autorizando-os a conduzir suas carroças pelas ruas da cidade. Para setembro, está prevista a distribuição, pela Prefeitura, dos equipamentos necessários para esse trabalho, como reflexos luminosos e as placas que identificarão as carroças.
Assim que forem concluídas essas duas fases futuras, a fiscalização começará a ser feita pela Prefeitura, a fim de fazer cumprir o que determina a Lei Municipal nº 1.485/2008. “A partir desse momento é que a gente vai iniciar a fiscalização do transporte de tração animal. Eles podem trabalhar normalmente, claro que obedecendo o que eles aprenderam aqui sobre a legislação de trânsito”, informou a assessora da Coordenação Municipal de Trânsito, Rayner Mendes.
‘Uma bênção’ – “Esses três dias foram uma bênção. Foi bom, gostei. E, se tivessem mais aulas, eu estaria aqui”, entusiasmou-se o carroceiro Wilson Custódio da Silva, 37 anos, atuando nesse ofício desde os dez. Hoje contratado pela Prefeitura, ele recolhe o lixo com sua carroça no bairro Miro Cairo, extremo oeste da cidade. Wilson disse acreditar que, com a regulamentação, ficará “tudo certo” para ele e seus colegas. “Tem que ter a lei para isso. Eu gostei desse projeto”, confirmou.
‘Tudo positivo’ – Para Aristides Bispo de Souza, 65, carroceiro há 13 anos, foi “tudo positivo” até a conclusão do curso e a obtenção de seu certificado. Atualmente, ele transporta entulho sob encomenda, das 7h às 12h, na Urbis, zona sul de Vitória da Conquista. Garante que não se esquecerá do conteúdo passado pelos professores do curso. “Entendi bem o que ela [a professora] quis dizer. Vai ficar bom para todo mundo”, afirmou.
Contra o trabalho infantil – Gilmar Neres de Oliveira, 45, hoje trabalha para a Prefeitura, recolhendo o lixo no trecho que vai do Parque Imperial à Vila Elisa (próximo à Urbis VI e ao Morada Real, também na zona sul). Ele se disse satisfeito por esclarecer dúvidas que tinha a respeito de uma série de coisas, com as quais se depara durante o trabalho. “É muito bom esse curso, porque facilita muito para o carroceiro e não fica aquela dúvida”, disse.
Mas ele também acredita que outros problemas poderão ser atenuados com a regulamentação. “Achei que está certo, porque livra das pessoas estarem colocando crianças para trabalhar no meio da rua, usando rua como contramão, esse tipo de coisa. Todo mundo sabe o dever que tem que fazer, e o que não pode fazer”, observou.
‘Cuidar dos animais’ – Preocupações também foram demonstradas pela carroceira Ana Carla Santos, 33. Além das preocupações com as crianças – ela é mãe de cinco filhos –, ela se mostrou atenta aos perigos que correm diariamente os animais que auxiliam a ela e a seus companheiros de ofício no dia a dia. “Receber assim um certificado assim é uma honra para a gente”, agradeceu.
“Existem pessoas ruins e pessoas boas. E cada um vai se ativar a cuidar mais dos seus animais. Porque tem muitos animais na rua, magros, sem cuidados. É para cuidar mais dos animais”, aconselhou Ana Carla, que costuma trabalhar em bairros como Brasil, Miro Cairo e Urbis V, transportando fretes e recolhendo material que ela mesma leva para reciclar.