Apostar em um cardápio variado é desses mantras da nutrição. Mas, para o movimento Slow Food, nascido na Itália em 1986, por mais que você se esforce para segui-lo, a batalha é inglória. Para ter ideia, estima-se que 60% da dieta ao redor do globo se baseia em três cereais: milho, trigo e arroz. Como se não bastasse, no Brasil priorizamos somente um tipo de arroz, o agulhinha. No campo das frutas, já notou também que mamão, pera, banana e maçã reinam em feiras e supermercados? E nem sequer temos acesso a muitas opções de cada uma. No caso da banana, em geral são as variedades prata e nanica que chegam ao consumidor. Quem quiser provar a figo ou caru roxa — sim, seguimos falando de bananas — vai ter que gastar a sola do sapato.
Para mostrar a discrepância entre aquilo que as pessoas acham que tem de sobra e o que de fato está disponível para comer, o Slow Food criou um catálogo denominado Arca do Gosto. Nele, estão registrados alimentos em risco de extinção no mundo inteiro. Por aqui são cerca de 130 ingredientes. De acordo com o ecólogo Jerônimo Villas-Bôas, sócio e ativista do movimento, em Ribeirão Preto, no interior paulista, a palavra “extinção” é mais ampla do que parece. “Não falamos só do desaparecimento biológico, mas do abandono da tradição de consumo”, explica. Ele cita a jabuticaba, integrante da lista. “De que adianta ela estar viva, se não é utilizada?”, questiona. Pode fazer o teste: na mesma proporção em que é fácil encontrar uma geleia de frutas vermelhas, você sofre para provar uma de jabuticaba.
Não é só o paladar que sai no prejuízo quando comemos sempre a mesma coisa. “A monocultura empobrece o solo, além de exigir muita água e o uso de pesticidas”, alerta o biólogo Cesar Koppe Grisolia, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB). Nos últimos anos, uma série de problemas de saúde foi associada à contaminação por agrotóxicos – de câncer a Parkinson.
Fonte: Saúde Abril
Advertisement