Rogério Minotouro aposta em nocaute sobre Ryan Bader no segundo round

pesagem_ufc198_0021A declaração de Ryan Bader, quando disse que derrubou Rogério Minotouro quando quis na luta entre os dois em 2010, não foi bem recebida pelo brasileiro, que será o seu rival na luta principal do UFC São Paulo, no próximo sábado. Em entrevista exclusiva ao Combate.com na última terça-feira, Minotouro disse que o americano está com excesso de confiança, e projetou o resultado que espera obter na disputa.

– Eu acho que ele realmente pretende levar a luta para o chão quando quiser, porque tem um nível de wrestling bom para fazer isso. Mas ele está com um excesso de confiança. Já provei, lutando contra bons wrestlers, que não é fácil fazer isso que ele está dizendo. Vai ter que ter uma estratégia muito boa para tentar me derrubar. Acho bom esse excesso de confiança dele, porque ele vai acabar aceitando uma luta franca comigo, e vou aproveitar esses momentos. Podem apostar um dinheiro no meu nocaute. Não sei se no começo ou no fim, porque o Bader sempre vem muito explosivo no começo. O negócio é segurar o ímpeto dele no comecinho e tentar nocautear no segundo round. Essa é minha aposta pra essa luta.

A mudança de adversário – o rival do brasileiro seria originalmente o sueco Alexander Gustafsson,que se lesionou – forçou uma mudança na preparação, principalmente nos sparrings, que tiveram de ser trocados por outros que simulassem o físico e o estilo de luta de Bader.

– A preparação foi boa. Tivemos uma alteração grande por conta da mudança de adversário – o Gustafsson se machucou – e precisamos mudar algumas coisas na estratégia no último mês, e principalmente nos sparrings, porque eles eram mais altos e tivemos que trocar por caras mais baixos e com estilo de queda, com a mão direita mais dura. Mas já vínhamos treinando, concentrados e já tínhamos começado a fazer alguns sparrings. Não sofremos tanto com o ritmo, foi mais a estratégia.ryan-bader_adrianoalbuquerque
Para Minotouro, Ryan Bader busca a luta agarrada no chão durante todo o tempo (Foto: Adriano Albuquerque)

Derrotado por decisão unânime na primeira luta entre os dois, em 2010, Minotouro garante que, de lá para cá, evoluiu no wrestling, e cita as vitórias obtidas contra atletas especialistas neste estilo de luta como prova da sua evolução.

– O que muda da luta em 2010 pra cá foi eu ter começado, nos últimos cinco anos, a me preparar para lutar com lutadores melhores no wrestling, que é o estilo do Ryan Bader. Meus últimos cinco adversários me deram experiência tanto de luta quanto de camp, para encarar rivais como o Bader. Eu lutei contra Rashad Evans, Tito Ortiz, Phil Davis e outros que me deram uma bagagem maior para esse estilo de luta. Também me adaptei mais às regras do UFC, porque eu vinha do Pride, com ringue de corda, e era outro tipo de defesa de queda – você defendia no meio do ringue, e não na corda. A corda não era como as paredes do octógono, que te derrubam. Tudo isso fez diferença. O jogo do Bader é mais conhecido, e a previsão é fazer uma luta agora melhor do que a que nós fizemos em 2010.

Para Minotouro, a estratégia para vencer é manter a luta em pé e apostar na insistência do americano em levar as lutas para o chão para buscar encontrar o espaço e usar o boxe para golpeá-lo seguidamente.

– A minha estratégia é manter a luta em pé, porque é melhor para mim, já que tenho mais envergadura. Acho que sou mais rápido que ele em pé, tenho uma técnica melhor de boxe. Se a luta for para o chão, vou tentar finalizar, usando o meu jiu-jítsu para complicar para ele no chão. Ele ganha muitas lutas pontos, não tem muitos nocautes na carreira, mesmo tendo uma mão dura. O estilo dele é ir pontuando, levar para baixo depois de trocar um pouco em pé, porque ele tem uma boa guarda. Mas na hora em que ele começa a tentar botar para baixo, ele fica nisso o tempo todo. O Bader não para muito pra trocar em pé, porque o estilo dele não abre distância pra isso. Ele é muito estratégico, mas tenho que usar essa estratégia dele pra me movimentar, bloquear as quedas e tentar bater nele o tempo todo, para não deixá-lo tão à vontade a ponto de achar espaço pra buscar a queda.

Vindo de uma série de lesões, que não o deixaram ter uma sequência consistente de lutas nos últimos quatro anos, Minotouro acredita que o momento agora é outro, em parte pela melhora física, mas principalmente pela chegada do filho Roger, que nasce em 2017.

– A cabeça está boa, estou tranquilo e bem positivo, não só para essa luta, mas na vida. As coisas têm acontecido bem para mim ultimamente. Depois de quase quatro anos estou conseguindo fazer a segunda luta no ano. Venho de uma fase difícil, com uma operação no joelho, fazendo duas lutas em 2011, não lutei em 2012 e em 2013 também só lutei uma vez. Agora, no período de um ano e meio, vou para a minha terceira luta. Considero isso um aspecto positivo, e ainda vem um filho agora. Isso é uma bênção, um sinal que Deus está trazendo coisas boas para mim.

Rogério Minotouro aposta no boxe e na movimentação para anular o wrestling de Ryan Bader (Foto: Jason Silva)

Perguntado sobre os planos para o futuro próximo, e se pensava em aposentadoria, o brasileiro garantiu que os treinos e lutas que vem fazendo contra rivais de alto nível mostram que ele ainda pode buscar lutar por mais alguns anos, a exemplo de Dan Henderson e Randy Couture.

– Eu venho de duas lutas muito boas, contra o Shogun e contra o Patrick Cummins, quando eu estava ainda melhor fisicamente. Conseguir emplacar essa terceira luta mostra que eu estou bem e que ainda posso ir bem por muito tempo. Eu vim treinando bem, fazendo sparrings com regularidade. Quando você se testa contra caras de alto nível e consegue ir bem, tanto pela experiência quanto pelo físico, mostrando vigor, é a prova que ainda tem muita coisa para fazer no esporte. O Dan Henderson lutou com 46 anos, o Randy Couture também lutou com uma idade avançada… Se eu conseguir me cuidar, treinar bem e ficar livre das lesões que eu tive há dois anos, acho que consigo alongar a carreira por mais tempo.

Protagonista de uma luta principal pela primeira vez no Brasil e a segunda na carreira – enfrentou Phil Davis na luta principal do evento realizado em 26 de março de 2011, em Seattle – Minotouro revelou ter se preocupado especialmente com o corte de peso. Por estar em uma luta de cinco rounds, a debilitação no processo poderia atrapalhar seu rendimento caso o duelo se alongue até os rounds finais.

– O peso está legal, estou com 97,5kg – cerca de 3,5kg acima do limite já com a tolerância – e não estou tão preocupado com isso desta vez. Eu venho adotando essa estratégia nos últimos anos. Essa questão do peso atrapalha o rendimento, ainda mais em uma luta de cinco rounds, quando você precisa de resistência física. Se eu me debilitar muito na perda de peso, isso vai influenciar no decorrer da luta. Eu venho fazendo essa estratégia de manter o peso baixo e sinto que vem dando certo.

O Combate transmite o UFC São Paulo na íntegra, ao vivo e com exclusividade no próximo sábado, dia 19 de novembro, a partir de 21h (horário de Brasília). O Combate.com transmite as duas primeiras lutas do card preliminar em vídeo e o restante do evento em Tempo Real, também na íntegra.

UFC Fight Night
19 de novembro, em São Paulo (SP)
CARD PRINCIPAL:
Peso-meio-pesado: Rogério Minotouro x Ryan Bader
Peso-galo: Thomas Almeida x Albert Morales
Peso-palha: Cláudia Gadelha x Cortney Casey
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Kamaru Usman
Peso-médio: Thales Leites x Krzysztof Jotko
Peso-meio-médio: Serginho Moraes x Zak Ottow
CARD PRELIMINAR:
Peso-meio-pesado: Francimar Bodão x Darren Stewart
Peso-médio: Cézar Mutante x Jack Hermansson
Peso-meio-pesado: Marcos Pezão x Gadzhimurad Antigulov
Peso-galo: Johnny Eduardo x Manny Gamburyan
Peso-pesado Luis Henrique KLB x Christian Colombo
Peso-galo: Pedro Munhoz x Justin Scoggins

Fonte: Sportv.globo.com

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