E a Policia continua enxugando o gelo em Conquista

 

estNo inicio da manhã desta sexta-feira (18), mais uma vítima fugia de um crime de tamanha violência que é o estupro. Após três dias sendo violentada pelo próprio pai, uma adolescente de 14 anos saiu de casa com uma mochila velha, poucas peças de roupas dentro de uma caixa de sapato e R$ 30. Ela pega um táxi para poder se afastar o mais rápido possível do ambiente que lhe devia ser o mais seguro: seu lar.

Uma guarnição do Pelotão de Emprego Tático Operacional da 77ªCIPM realizava rondas por volta de 6h da manhã no Anel Viário de Vitória da Conquista quando se deparou com um taxi com uma adolescente no interior do veiculo e suspeitou. Quando o taxista e a menina foram abordados, ela demonstrando retração e repulsa, não explicou por um longo tempo pra onde estava indo e o por que. O taxista informou que a menina pediu para ir para um local longe da cidade, e que estava com receio de leva-la ,pois ela não estava acompanhada de nenhum adulto.
Com todo cuidado e sensibilidade, o policial conversou com a adolescente: – Confie em mim, eu juro que vou te ajudar. Daqui em diante sua vida vai mudar.
A garota respondeu que seu pai teria feito a pior coisa que um pai pode fazer com a filha.
Os militares logo entenderam a situação. Uma policial militar da 77ª CIPM foi até o local e, de maneira acolhedora, coletou o depoimento impregnado de medo e dor da vítima.
Nele, a adolescente detalhou que o pai tentou lhe violentar no dia 08/11, mas não conseguiu. Uma semana depois, já no dia 15, ele conseguiu cometer o abuso, que se repetiu mais vezes nos próximos dois dias.

Rapidamente a guarnição se deslocou até a residência, situada no bairro Vila Marina, nas proximidades Av. Juracy Magalhães, onde encontraram o acusado, que tem 49 anos, e foi preso em Flagrante. Ele confessou o crime e ficou impressionado por ter sido denunciado.

A adolescente foi socorrida e levada para o Hospital Esaú Matos onde realizou exames, tomou o coquetel antirretroviral, para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, e ainda pílulas do dia seguinte, que, devido o tempo do abuso, podem não surtir mais efeito. Ela seguiu internada para receber cuidados médicos.

Mesmo sendo flagranteado na delegacia, o autor foi liberado numa audiência de custódia seis horas depois de ter sido detido. A alegação é de que ele responderia em liberdade para evitar possíveis problemas que o autor encontraria na prisão por conta da intolerância com que estupradores são recebidos na cadeia.

Se por um lado o Brasil é um país onde 50 mil pessoas são estupradas por ano, onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos (dados que são registrados em delegacias, mas a estimativa é que apenas 10% dos casos seja denunciado, o que leva a um numero de mais de meio milhão de estupros por ano), que cerca de 70% das vítimas são crianças e adolescentes, que em geral, 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou conhecidos da vítima, o que indica que o principal inimigo está dentro de casa.

Por outro lado não é difícil acreditar que 90% das mulheres tem medo de ser vítima de agressão sexual, já que apenas 1% dos autores de estupros é efetivamente condenado.
Para que a promessa (“daqui em diante sua vida vai mudar”) que o policial militar da 77ªCIPM fez para a vítima seja efetivamente cumprida, a parte que compete a PMBA foi feita e esperamos que essa garota, e mais ninguém tenha que passar por uma situação de tal barbaridade.
A comoção e a tristeza toma conta dos policiais da 77ªCIPM que num primeiro momento salvaguardaram a integridade da vítima, para em seguida verem que nada mais podem fazer já que o autor dessa violência foi posto em liberdade e teve, inicialmente, apenas a “punição” de comparecer uma vez por mês ao fórum e não encostar mais na filha.
Se você, leitor ou leitora estiver passando por uma situação semelhante, ou conhece alguém que esteja nessa situação, denuncie. Vamos juntos mudar essa realidade.

 

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