Uma análise do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária – ONSV – sobre a mortalidade infantil no trânsito, no Brasil, traz informações alarmantes nesta semana em que se comemora o Dia das Crianças.
De acordo com dados do DataSUS, nos últimos 10 anos (entre 2005 e 2014), as mortes no trânsito, na faixa etária de 0 a 4 anos (faixa alvo do uso de dispositivos de retenção como o bebê-conforto e cadeirinha) cresceram 66%. Neste segmento, os óbitos saltaram de 119 para 197 no país, no período citado.
O cenário exige um alerta permanente para a sociedade, defende o OBSERVATÓRIO, sobretudo no cumprimento da legislação sobre o uso dos dispositivos de retenção; que são estratégicos na segurança desse público. Segundo a OMS, os sistemas de retenção reduzem a probabilidade de lesões fatais em cerca de 70% entre bebês e de 54% a 80% entre as crianças menores. A redução da velocidade nos médios e grandes centros e o controle do álcool são exigências também para minimizar o problema.
O OBSERVATÓRIO lembra que é preciso analisar o aumento na fatalidade desse grupo também considerado o crescimento da frota de automóveis no país.
Segundo Tiago Bastos, doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP) e Universiteit Hasselt (Bélgica), professor de Segurança Viária na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e voluntário do OBSERVATÓRIO, é preciso ponderar ainda que tal crescimento nas mortes de ocupantes de automóveis na faixa etária entre 0 e 4 anos pode ter sido em parte influenciado pelo próprio aumento da frota de automóveis, que cresceu cerca de 60% no mesmo período.
Bastos destaca ainda que na análise da questão da violência no trânsito nesta faixa etária é preciso levar em conta diversos fatores, entre eles: a imprevisibilidade nos deslocamentos destas crianças, que podem mudar de direção repentinamente, ficando na rota de colisão de automóveis e de outros veículos; a estrutura corporal mais frágil da criança, de modo que podem ser mais suscetíveis a traumatismos em caso de impacto; o nível de atenção menor do público; o desconhecimento sobre a sinalização; a baixa capacidade de avaliar os riscos; e, ainda, que crianças são menores que adultos, portanto mais difíceis de serem vistas. Ele citou ainda o fato das crianças usarem, muitas vezes, as ruas como único espaço de lazer – fato que amplia os riscos.
Fonte: OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária / Blog Transitar
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